
Secretaria de Política para as Mulheres de Guarapuava debate a invisibilidade das mulheres na história
10/03/2016
Refletir o porquê as mulheres, na história da sociedade foram e continuam sendo invisibilizadas e quais ações devem ser feitas para mudar esta situação atualmente, foram os principais pontos debatidos durante a roda de conversa “A invisibilidade das mulheres na história de Guarapuava”, mediada pela professora e doutora em história Kety Carla de March, e promovida pela Secretaria de Política para as Mulheres de Guarapuava. A ação aconteceu nesta quinta-feira (10), no calçadão da Rua XV de Novembro.
A historiadora citou a linguagem como uma das formas deste apagamento da atuação feminina ao passo em que grande parte das pessoas ainda utiliza das palavras “os homens” ou “os pais” para se referir também às mulheres. “Apenas em 1932 que as brasileiras conseguiram o direito ao voto, mas apenas a serem eleitoras e não candidatas, pois os homens, que sempre foram os líderes e políticos subestimavam as mulheres fazendo parte de cargos públicos”, elucida Kety de March.
Para a Vice-prefeita e Secretária de Política para as Mulheres, Eva Schran, esse apagamento em relação às mulheres indígenas, imigrantes e posteriormente às guarapuavanas, pode ser visto na divisão das sesmarias, que receberam apenas nomes masculinos. “Isso também pode ser percebido no nome das ruas de nossa cidade, já que as principais ruas centrais têm nomes de homens”, apontou Eva.
Após explanar que, historicamente, os jornais guarapuavanos davam notoriedade às mulheres de elite apenas nas colunas sociais e citavam as mulheres pobres somente nas páginas policiais, Kety finalizou, perguntando: “mulheres, como deixaremos de ser invisíveis?” E na sequência respondeu: “Precisamos buscar cada vez mais espaço e notoriedade nas instituições”, finalizou.
Para a acadêmica de Serviço Social, Lindalva Sudek, 46, que participou pelo terceiro dia das atividades realizadas pela Secretaria de Política para as Mulheres de Guarapuava, acredita que o empoderamento feminino é mostrar para a sociedade que as mulheres têm a liberdade de fazer suas próprias escolhas e escrever sua história. “Quem sabe, muitas destas mulheres que passaram por esta tenda, nestes três dias, vão mudar de vida, vão pensar mais no seu bem viver, na sua vida em primeiro lugar, não serão mais submissas a ninguém, pois é isso que importa para uma verdadeira qualidade de vida, pensar em si para construir um futuro melhor”, enfatiza.
As atividades em comemoração ao dia da mulher continuam até o final do mês de março. Amanhã, às 15h30, na Sala de Eventos da Unicentro acontece o lançamento do documentário Florescer, com depoimentos reais de mulheres que sofreram ou sofrem algum tipo de violência.