
Profissionais da saúde participam de encontro para atualização do fluxo de atendimento de saúde às pessoas em situação de violência sexual
29/11/2019
“Uma jovem que trabalha, estuda, se diverte, tem famílias e amigos. Uma pessoa comum que poderia ser eu, que poderia ser você”. Com esse relato, feito por uma jovem de 20 anos que sofreu abuso, deu-se início a capacitação e atualização do fluxo de atendimento de saúde às pessoas em situação de violência sexual, que ocorreu na manhã desta sexta-feira (29), na Faculdade Guairacá. Um levantamento feito pelo Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) mostra que, nos últimos 11 meses, 69 casos de estupro foram notificados em Guarapuava. Em meio a essa realidade é fundamental que profissionais da saúde estejam preparados para lidar com tais atendimentos com conhecimento sobre o procedimento a ser adotado. “O que nos fez acordar como profissionais da saúde foram os baixos números que tínhamos de notificações de atendimentos na saúde, comparado ao número de atendimentos na delegacia e no IML (Instituto Médico Legal). Esses dados nos levaram a pensar que as vítimas e a própria rede consideravam o estupro ou violência sexual como um problema da justiça e da segurança pública, mas não como saúde pública”, explicou a enfermeira da atenção primária da 5º Regional, Tábata Naiara Soares.
A formação dos profissionais da saúde faz parte da programação dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência de gênero, trazendo atualizações o fluxo e relembrando pontos importantes. “Estamos mantendo a formação para continuar o aperfeiçoamento dos profissionais, relembrando o fluxo, todo o protocolo e repactuando o compromisso de cada um em realizar um acolhimento humanizado para essas vítimas de violência sexual. Quando a UBS (Unidade Básica de Saúde) está preparada para receber a pessoa que sofreu a violência, a vítima cria uma confiança maior no suporte disponível”, enfatizou a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Priscila Schran. “Eu trabalho na Urgência Primavera e acho importantíssimo essa formação. Muitas vezes não sabemos qual procedimento tomar e, de fato, todos os profissionais vinculados à saúde precisam estar capacitados e ter esse entendimento sobre o que fazer quando atendemos casos dessa natureza no pronto atendimento”, declarou a enfermeira, Maria da Conceição da Rocha.
De acordo com a coordenadora da Divisão de Atenção Primária na Continuidade do Cuidado, Erika Mayumi Yassue, a cidade é umas das únicas do Paraná que conta com o atendimento do IML diretamente no hospital, realizando a coleta de vestígios e análises. Segundo a profissional, o atendimento na emergência varia conforme o período em que a vítima procura o hospital. “Até 72h após o crime de violência sexual, o ideal é procurar os hospitais para entrar com profilaxia de HIV e a anticoncepção de emergência, juntamente com o tratamento para esse período. E após 72h, a vítima pode procurar o atendimento na UBS para continuidade do atendimento com a equipe ou caso esteja grávida, para receber todo o acompanhamento com o pré-natal de risco”, concluiu.
O programa é uma parceria entre a Prefeitura de Guarapuava, através da Secretaria de Saúde, 5ª Regional e a Rede de Enfrentamento A Violência Contra a Mulher em Guarapuava.