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Pandemia intensifica parceria entre Prefeitura e PM no combate a violência contra a mulher

30/07/2020

A pandemia da Covid-19 transformou diversas formas de trabalho e a execução de políticas públicas foi uma delas. Para enfrentamento à epidemia de violência contra as mulheres, em Guarapuava, a Prefeitura, através da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, firmou uma repactuação com o 16º BPM (Batalhão da Polícia Militar) pensando no novo contexto social criado pela pandemia.

 

“Logo depois do nosso primeiro decreto municipal, em 17 de março, com o anúncio das medidas preventivas que recomendavam o distanciamento social, tivemos que reorganizar nossa forma de trabalho para não deixarmos as mulheres desassistidas nesse período. Fizemos, então, uma repactuação com a Polícia Militar, para que fosse dado prioridade de atendimento aos casos de violência contra as mulheres porque sabíamos que esse novo cenário poderia gerar aumento nas ocorrências”, enfatizou a secretária de Políticas Públicas Para as Mulheres, Priscila Schran de Lima.

 

E de fato, houve crescimento no número de denúncias. Somente nos quatro primeiros meses de distanciamento social (entre março e junho) houve um aumento de 27% na concessão de medidas protetivas e no registro de boletins de ocorrências, no comparativo com o mesmo período de 2019. “Enquanto nos dias da semana o número de ocorrências variam muito, nos finais de semana eles sobem. Por isso estamos priorizando esses casos, principalmente quando a vítima tem medida protetiva”, detalhou o  comandante do 16º BPM, Major Cristiano Cubas.

 

Desse total de B.O. registrados, 79% deles foram atendidos pelo CRAM. “A partir destes números, devemos compreender também que as mulheres guarapuavanas estão buscando ajuda, se encorajando e denunciando. Podemos ter certeza que toda a articulação da Secretaria da Mulher, 16º BPM, Patrulha Maria da Penha, CRAM e Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, contribuiu com a mudança nos índices de feminicídios em Guarapuava, que reduziram em 52% e que buscamos reduzir ainda mais”, explicou a coordenadora do CRAM de Guarapuava, Camila Grande.

 

Para manter Guarapuava sem registros de feminicídios e ampliar ainda mais o alcance dos serviços do CRAM às mulheres vítimas de violência, outras adaptações na parceria com a PM também foram executadas. Os B.O. que antes eram recebidos semanalmente pela equipe do CRAM, por exemplo, agora são encaminhados diariamente, por meio da Patrulha Maria da Penha. Houve ainda a disponibilização de celulares e notebooks para a equipe do CRAM e acompanhamento diário nas ocorrências, para avaliar a curva de registros em Guarapuava.

 

“Avaliamos que as adaptações que nossa rede de enfrentamento adotou nesse período estão conseguindo chegar até essas mulheres, incluindo o uso da tecnologia e a repactuação de trabalho com a PM, que trouxe avanços importantes, como a solicitação de contato telefônico das vítimas para facilitar o contato do CRAM com essas mulheres”, avaliou a secretária. Em todos os casos registrados, a equipe do CRAM procurou manter contato telefônico com as vítimas e, quando isso não foi possível, fez visita domiciliar.

 

PARCERIA ANTIGA E QUE DÁ CERTO

 

Mas não é de hoje que a Prefeitura de Guarapuava e a Polícia Militar somam forças nesta luta. A administração pública municipal e o serviço de segurança têm caminhado lado a lado no enfrentamento à violência contra as mulheres há muitos anos na cidade. Desde o início da implantação, a Secretaria de Políticas Públicas Para as Mulheres mantém uma parceria com a PM que tem facilitado o processo de recebimento de boletins de ocorrência no CRAM (Centro de Referência e Atenção à Mulher). Por meio da solicitação do auxílio da Polícia no 190, a equipe do CRAM recebe, diariamente, dados que possibilitam a busca ativa da vítima.

 

(Foto: Secom/Prefeitura de Guarapuava)

 

“Nossa assistente social vai até o endereço informado no B.O. e/ou entramos em contato por telefone, para verificar se ela está em segurança e para oferecer os serviços do CRAM. A demanda que recebemos através dos boletins é muito importante porque muitas mulheres que fazem o registro através do 190 não sabem da existência desse serviço”, pontuou Priscila.

 

Além da linha emergencial 190, as denúncias também são recebidas pelo aplicativo 190 PR, que pode ser utilizado pela vítima em qualquer tipo de ocorrência. “Por meio do aplicativo, a vítima consegue acompanhar o deslocamento da viatura até o local, passar informações pertinentes a ocorrência, como por exemplo, se o autor ainda está no mesmo ambiente que a mulher. É como se a vítima estivesse conversando com o atendente por aplicativos de mensagem, o que torna a eficácia ainda maior”, explicaram os integrantes da Patrulha Maria da Penha, Cabo Losanja e Cabo Faria.

 

Além do registro de B.O., a equipe da Secretaria da Mulher conta com o auxílio da PM em situações em que é necessário acompanhar a mulher até a casa do autor para retirada de pertences, garantindo a segurança da mulher e da equipe. Demais atendimentos e dúvidas poderão ser tiradas no CRAM pelo telefone (42) 98405-6206. Em caso de emergências, também estão disponíveis os números 190, da Polícia Militar e 193, da Delegacia da Mulher.