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Dança e sensibilidade enchem o Teatro Municipal de Guarapuava com o Balé Teatro Guaíra

08/05/2023

Grupo curitibano apresenta duas grandes coreografias e reforça a importância da descentralização da cultura para a inclusão social e o acesso à arte.

 

No palco do Teatro Municipal Marina Karam Primak, em Guarapuava, a magia da dança encheu o ar em uma apresentação memorável do Balé Teatro Guaíra neste domingo (7). Com a plateia cheia de expectativa, o grupo curitibano mostrou todo o seu talento e sensibilidade em duas grandes coreografias: “PIÁ”, de Alex Soares, e “V.I.C.A.”, de Liliane de Grammont.

 

O espetáculo gratuito, que faz parte da programação especial da 14ª Mostra Paranaense de Dança, foi um presente para os amantes das artes cênicas na região. E não foi só isso: a apresentação foi uma oportunidade para que pessoas de todas as idades e classes sociais pudessem se encantar e se emocionar com a beleza e a expressividade da dança.

 

Para o diretor do Balé Teatro Guaíra, Luiz Fernando Bongiovanni, a descentralização proposta pelo governo com essa turnê é muito importante. “Nós temos um histórico de nos apresentar em diversas cidades do interior. Por isso, a oportunidade de reencontrar o público em Guarapuava foi um prazer muito grande. A ação de levar a arte e a cultura para além dos grandes centros urbanos é fundamental para a promoção da diversidade e do acesso à cultura. É uma forma de aproximar as pessoas da arte e promover a inclusão social por meio da arte”, comentou.

 

“V.I.C.A.” é uma coreografia do Balé Teatro Guaíra que aborda as características do mundo pós-moderno, especialmente exacerbadas com a pandemia de COVID-19: volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. A obra nos faz refletir sobre a humanidade no tempo presente, questionando o que queremos para o futuro. A coreógrafa Lili de Grammont e o Balé Teatro Guaíra nos mostram que a Arte pode ser uma estratégia eficaz para nos conectar de maneira única.

 

“A coreógrafa está explorando a ideia do sociólogo polonês Zygmunt Bauman sobre o “mundo líquido”, um mundo em constante mudança e imprevisibilidade, onde as questões que eram importantes para nossos avós ou pais, já não são mais relevantes para nós. Para ajudar a navegar nesse ambiente incerto, a coreógrafa propõe o conceito de coletividade operante”, afirmou Bongiovanni sobre a obra V.I.C.A.

 

Já em “PIÁ”, de acordo com a companhia, a coreografia explora a mestiçagem que é tão característica do povo brasileiro. Embora o termo “piá” seja originalmente usado para designar filhos de etnia indígena ou mestiços de brancos com índios, em Curitiba as pessoas se chamam carinhosamente de “piá”. Essa obra aborda a diversidade cultural brasileira e a importância de valorizar nossas origens, especialmente em um mundo globalizado onde as identidades culturais são cada vez mais homogeneizadas.

 

Bongiovanni também comentou sobre “PIÁ”:

“Esse trabalho aqui está relacionado com uma ideia bem interessante sobre a singularidade, sabe? É sobre como a gente se constrói como sujeito, tanto individualmente como parte de um coletivo. E hoje em dia, parece que existe uma massificação de todos nós, como se a nossa individualidade não fosse tão importante assim. Mas acredito que todos nós queremos ter nossa individualidade respeitada, né? Então, acho que esse trabalho pode ser um ponto de reflexão sobre isso. Sair do espetáculo, ir para o bar, conversar com os amigos, debater essa questão”.

 

A presença do Balé Teatro Guaíra em Guarapuava, foi um momento de troca, de intercâmbio cultural e de despertar o interesse pela arte em todas as idades. A dança emocionou e encantou a plateia, deixando um rastro poético de sensibilidade e beleza no coração da cidade.

 

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